sábado, 9 de março de 2013

A racionalidade do assaltante e a incompetência do policiamento: uma relação a ser pesquisa e debatida.

As chances de praticar assaltos a mão armada e dar certo, buscando realizá-los várias vezes, como forma aquisitiva, são muito atrativas. É esse tipo de racionalização feita por sujeitos criminais que pode ser inferida a partir de falas de interlocutores dos trabalhos de campo realizados por membros do Laboratório de Estudos da Violência, da UFC. Ou seja, praticantes de assaltos estão avaliando o cenário como favorável para a realização de assaltos na cidade de Fortaleza. Esse dado evidencia que há uma avaliação negativa de praticantes de assalto em relação à política de segurança pública na capital. Em uma pesquisa que realizei na Praia do Futuro, entrevistei um jovem que já havia praticado assalto na praia, um jovem em conflito com a lei, e ele me explicou que os assaltos tornavam-se mais frequentes quando os praticantes de assalto percebiam "furos" na organização do policiamento cotidiano. O ato de observar e avaliar se o policiamento está sendo realizado de modo competente foi um ato apontado por ele como sendo central para as práticas criminais, e o jovem que eu entrevistei falou diretamente na "incompetência da polícia" em realizar a segurança na área, sendo ele próprio um ex-praticante de assaltos, como ele se definiu na ocasião em que o entrevistei. A racionalidade dos assaltantes está monitorando e avaliando as competências do policiamento para vislumbrar oportunidades de realização de assaltos e para mensurar chances de sucesso. Há uma racionalidade do crime que se exerce avaliando o funcionamento da racionalidade da polícia. As falhas desta são celebradas pela astúcia daquela.

2 comentários:

  1. Cara...é exatamente isso mesmo que ocorre....é muito pirangueiro pra pouca Fortaleza, mas a pm deixa demais a desejar...é triste...salve-se quem puder!

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  2. Com muita prioridade esta observação. Por exemplo, ocorrências de roubo no momento da troca de serviço dos policiais, entre outras.

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