terça-feira, 23 de abril de 2013

A violência: uma reflexão conceitual.

As atividades violentas estão em contradição com as formas do pensamento, portanto, com as formas da verdade, uma vez que estas são realizadas pelo exercício das práticas discursivas, pelo exercício do poder. As atividades violentas podem ser instrumentalizações das práticas de poder, mas quanto mais violência é operada menos poder se exercita. A presença de um (da violência) remete à ausência de outro (do poder). Todavia, essa distinção é meramente analítica. Na realidade coletiva, os processos estão entremeados, interpostos, intercalados, colocados de permeio na própria dinâmica das coisas. As atividades violentas estão em contradição com os atos de pensar, de querer e de julgar. Há uma diferença entre pensar e conhecer que abre o entendimento para esse ponto. Pensar envolve a busca pelo sentido. Conhecer, a busca pela verdade. Por sua vez, o ato de reconhecer é uma não busca, é a repetição de opiniões alheias. Os atos violentos estão conectados ao ato de reconhecer, dispensando o ato de conhecer e negando as formas de pensamento, querer e julgar. Há uma violência ligada à ação racional intencional, ao universo do labor, do fazer, e há também uma violência ligada à ação simbólica, do agir, ferramentas e armas geram modos diferentes da violência. Em ambas, há modos de abertura que podem por em xeque as práticas da violência. Mas tais aberturas não possuem vocabulários dados, os vocabulários nesse caso precisam ser inventados, operam a si mesmos de modo performativo, como vocabulários que se realizam a serem conquistados. O vocabulário da vida pacífica não-autoritária, por exemplo, é um dos elementos chaves da busca por democracia real. Mas esse vocabulário não existe, precisa ser inventando contra o dado. Para virmos a ser (contra os dados), é preciso pôr-se fora da ordem, ou seja, pensar, e pensar é o antídoto para toda socialidade que se organiza negando o exercício do poder e impondo-se pelos meios absurdos da violência.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Reforma da Segurança Pública é considerada de alta prioridade para especialistas da ONU.

Um dos temas considerados de alta prioridade pelas Nações Unidas, após diagnóstico mundial, é o da Reforma do Setor de Segurança Pública. Há um consenso entre os especialistas da comunidade internacional de que o funcionamento da Segurança Pública não vai bem no mundo e que é preciso haver mudanças no funcionamento do setor. Sociedade, universidade e governo gaúchos estão dedicando o mês de abril a ouvir especialistas da ONU sobre mudanças necessárias da Segurança Pública a partir da experiência internacional acumulada, o intuito é identificar os bons exemplos de ideias de mudança na área que possam ser reapropriadas para a reestruturação do modelo. O Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados, da UFRGS, receberá como convidado, no dia 16 de abril do ano corrente, para apresentar soluções de mudança e reforma para Segurança Pública, o consultor Jérôme Mellon. Ele faz parte do departamento de operações de Paz da ONU e virá como representante à Porto Alegre, pois governo, sociedade e comunidade acadêmica do Rio Grande do Sul fizeram essa provocação a fim de discutir a prioridade da Reforma do Setor de Segurança Pública proposta pelos especialistas da ONU. As Nações Unidas reconhecem a falência mundial dos modelos atuais de funcionamento da Segurança Pública. Seus especialistas em Segurança e Paz Sustentável sugerem que primeiro passo é reconhecer que funcionamento da Segurança Pública faliu, não responde aos novos desafios e que é preciso, como segundo passo, iniciar Reforma da Segurança Pública, envolvendo sociedade civil, governos e academia.