quarta-feira, 7 de março de 2018

Esboço de ideias para se pensar o problema das facções como questão política

Nada mais integrado do que o desejo do crime. O crime é o desejo do dominante. O papel das facções é apoiar o estado na atividade contrarrevolucionária. As facções são agentes do capitalismo. Despolitizam as periferias. As facções são o braço armado do Estado capitalista. São a polícia do crime. O crime do andar de cima e do andar de baixo são movidos por desejos de poder. Crime é desejo. Não é necessidade. Mas não é mera escolha. Traficantes de drogas foram e são aliados da polícia na repressão política. Polícia e facções, essa guerra é para impedir a revolução social. É para travar as periferias. Neutralizar sua capacidade de transformação. Defender as facções é defender o Estado capitalista em sua capilaridade periférica. Os estilos de vida e consumo dos ricos e poderosos estruturam o campo de desejos do crime. O crime é o desejo de celebrar a capacidade de escolher com recursos desejantes garantidos. O desejo do crime é ser capaz de mobilizar a legalidade a seu favor, tornar-se um crime legal! O crime legal possui seguidores legais. Quem conhece bandido, não confia em bandido. Quem conhece polícia não confia na polícia. Desconfio de quem elogia um ou outro. Seja quem for . Faça o que fizer. Sou contra a romantização de quaisquer criminosos. Seja do andar de cima ou do andar de baixo. Sou contra o Estado que eles representam. Romantizar o Crime é um erro crasso. Ou uma desonestidade grande. A captura da guerra social entre ricos e pobres pelo modelo da guerra entre crime e polícia é um poderoso meio de despolitização da guerra social como luta entre classes na busca por democracia real. O efeito de criminalização justifica a vigilância constante do potencial de revolta coletiva das classes populares. O medo da delinquência que é produzida pelo Estado justifica a repressão contínua contra os pobres. O modelo da guerra é o carro chefe de reprodução do sistema de dominação. A luta entre as classes, ao contrário, é a politização da guerra social. É sua superação. Os governos atuam como investidores das empresas ilegais nas periferias ao desinvestirem seus poderes reguladores sobre o território. O governo é produtor de facção. Há um engodo quando se diz que estar no crime das facções é uma questão de sobrevivência. É uma forma de esconder que o desejo do crime é o desejo de ser dominante. De ter poder, prestígio, status. Esconder que um sentimento de superioridade é machucado por uma situação de indigência que afeta negativamente o desejo de ser grande. A sobrevivência é uma característica da vida do trabalhador, não da do bandido. Dizer que está no crime para sobreviver é uma conversa fiada. Quem vive de sobreviver é o "otário " submetido ao trabalho precário. Se sobrevivência explicasse alguma coisa, além da retórica, a maioria dos integrantes das classes populares estaria no crime das facções, mas não está. Ao contrário, é refém do regime de terror da guerra entre facções e polícia.

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