quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O trabalho de interrogação e as instituições públicas

Quando os agentes públicos das instituições políticas cessam de realizar por si próprios um mínimo de trabalho de interrogação sobre seus modos de proceder, quando tais agentes não realizam tentativas de problematização do funcionamento do que há de difícil e de fácil nas suas atribuições, talvez, haja aí o indício de falência múltipla dos órgãos de Estado, uma vez que a longevidade do sistema de dominação estatal esteve sempre em função do trabalho discursivo de interrogação sobre os limites e as condições da justiça perante o direito do Estado e das instituições de justiça que relegam a um plano derrisório e perverso a noção dramática da própria justiça. Tal falência não é o fim do próprio estado, mas, principalmente, a cristalização da falência do recurso ao Estado como forma de organização das atividades humanas, pois no limite o Estado apenas pode manter-se como exceção, como força de exceção, ou na forma do Estado Gerencial ou do Estado Policial ou do Estado de Exceção, a figura do Estado de Direito foi subsumida pelo contexto de falência no qual a ausência do uso da interrogação se torna a regra.

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